quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Zevs em SP!

O artista francês está no Brasil e realizou nessa última madrugada uma intervenção na rua Haddock Lobo, em SP, próximo ao cruzamento com a Oscar Freire, área onde se concentram algumas das grifes mais luxuosas na cidade. Pra quem não sabe, Zevs é muito influenciado pela arte urbana difundida nos anos 90 e considerado um dos pioneiros na França neste segmento.

Exatamente à meia-noite do dia 30/11 pro dia 1/12, o artista despiu a modelo Marina Dias, ao lado de um logo da Louis Vuitton. A modelo ficou nua, apenas de sapatos de salto alto, deitada na calçada, com sangue falso na boca, como se estivesse morta. Depois de gritos e urros no meio da rua, Zevs contornou o corpo da modelo com farinha branca, deixando lá apenas as marcas no chão: da Louis Vuitton e a da “morte”.

Confira o vídeo:

Fonte: LilianPacce.com.br

Um comentário:

  1. Tem uma espécie de patrulha a comentar Zevs. Maioria observa seus movimentos como lojistas apreensivos que gostam do que vê mas temem premonitoriamente o fim do seu mundo básico. Alguns menos atrevidos resenham os atos; muito poucos sabem qual pergunta fazer; outros observam o que ele faz e emitem receiosas opiniões opiniosas, bobas balbúcias, adquiridas de um ou outro maneirismo impressionista, retiradas de convicções desfundamentadas... Óbvio que não existem culpados na atual desinformação sistêmica. Se a taxa do incompreendido é bem maior que o entendimento isto sinaliza que o processo de comunicação está entropico devido a assimetria de repertórios. Duas pessoas sem o mesmo repertório impossibilita o dialogo. E neste sentido Zevs está bem adelante.
    No ataque da Haddock Lobo* (*lobo de lobo do homem) foi emocionante perceber (em campo sensível) o barco da Razão ancorado na cena. O mundo respira livre do determinismo antifilosofal, determinismo que fortificou e entronizou muitos valores e N morais em diferentes antropologias.
    Zevs surpreende por desagregar os valores instalados nos objetos que identificam as tribos nesta selva moral sem espiritualidade.
    Os objetos estão cheios de moral. Estão escritos no mapa da escalada social e servem de peças que externalizam conquistas, marcos de objetivos alcançados.
    Ao retirar a força moral dos objetos Zevs desmoraliza os próprios desejos que, em última análise, fabricaram os tais objetos.
    No ataque triunfante de Zevs a Louis Vuitton quem foi a vitima? A ferabela Marina Dias, a sagrar degolada na calçada das grandes marcas? A Louis Vitton, por ser um dos sinais exteriores da conformidade com os objetivos sistemáticos deste mundo? Nops, foi mais um tiro (de escopeta) no fantasma de Andy Warhol, corruptor espalhafatoso da essência dadaísta dos anos 20.
    Como nada acontece por acaso, a art pop (por ser coerenciadora) torna-se movimento reacionário contra o manifesto surrealista dos anos 30. Zevs representa uma reviravolta do surrealismo, sobretudo o surrealismo enlaçado no cinema de Buñuel.
    Zevs retira a imagem do contexto idealizado e devolve a imagem ao real de impossível coerência porque nada é coerente no caos. Dá o golpe no sentido contrário aos ajustes feitos de Andy Warhol no mundo das marcas...
    Zevs é um estóico disfarçado de Dionísio contra o dionisíaco. Um caligrafista oriental contra a ocidental civilização da imagem que consegue ser mais marcante do que as marcas a desmanchar a moral composta pelo discurso publicitário, retórico, sofista, acomodador, coerenciador.
    Sua finalidade libera a imaginação dos valores agregados e assim resensibiliza usando a força da imagem, idealizada no sentido contrário da mesma, movimento que traceja o número 8.
    Eis os grafites invisíveis deste monástico. Ao retirar a imagem do seu contexto toca na pedra fundamental do surrealismo (o mais Inteligente dos movimentos) como o raio tangente que dissolve o ciclo.
    Zevs seguramente é metafísico. Até que ponto este golpe de Aikido, suavidade que retira da força bruta uma força ainda maior, vai dinamizar o estoicismo? O mundo caminha para dinamitar as pontes desta moral jansênia que gerou a atual, e hedionda, visão do hedonismo, colocando a dor em estado de prazer até o esquecimento do que era de fato o prazer na Grégia primeva.
    Zevs como genial anti Andy Warhol é este golpe de Aikido na moral composta e na impostura das marcas que escravizam o mundo psiquíco...
    Pelo veneno encontramos o antidoto, pelo caminho do excesso encontramos a sabedoria. Dale Zevs,le mot juste

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